sábado, 25 de agosto de 2012

Uma sociedade de direitos e de ... O gato comeu: uma provocação aos amigos grevistas (ou Viva Dilma - quem diria?) Uma resposta

Semana corrida. Mas deu tempo de voltar, afinal a luta continua, companheiros!
Antes de mais nada, agradeço aos amigos que divergiram de maneira respeitosa, inteligente e cordial. As ironias virão à tona, mas sempre com muita estima por aqueles que compõem lista tão seleta (tá, tá, tá).
Alvos... Inicialmente falaram em equívoco de uma  análise (minha) dicotômica. Uai, para criticar o governo tenho que eximir outros personagens que fazem parte do mesmo filme?
O amigo Jesus disse: quem não tiver pecado, atire a primeira pedra. Ninguém deu um "ai". Saíram pianinho daquele deserto e foram ler papiros e comer quibes. Madalena saiu saltitante e sensual. 
Quem, dos servidores presentes na lista, fez concurso público pensando, antes de qualquer coisa, no bem público? Quem não pensou imediatamente nos bons salários e na possibilidade de estabilidade? Justo. Justíssimo. Mas e os deveres que o gato comeu?
Amigos, a luta por melhores salários é mais do que legítima e deve ser garantida na Constituição. Para servidores e para toda imensa maioria que trabalha na iniciativa privada. Não à toa a palavra trabalho, entre nós, vem do tripalium, instrumento de tortura. Se é para ser torturado, que seja por um bom, um ótimo salário (que não é mais sal, graças a D'us). 
Uma diferença é que a greve dos servidores não atinge somente ou principalmente a produção. Ela atinge, em cheio, considerável parte da população que usa e depende de seus serviços. Operário faz greve, estropia o patrão. Ha, ha, ha!  Bem feito para o capital (é o que pensam grevistas e servidores, potenciais socialistas nominais). Funcionário público faz greve, deixa alunos sem aula, pacientes sem atendimento e sem medicamento. É justo paciente com câncer sem tratamento adequado porque a Anvisa está em greve? É justo a Polícia Federal colocar faixa dizendo que a passagem está livre para traficantes, pois eles não farão o trabalho porque desejam melhorias salarias? Um agente, salvo engano, entra ganhando R$7.000,00!
A culpa é do governo? É. Também. Mas as consequências de uma greve são distintas no público e no privado (este é meu ponto). Concordo  com a necessidade de regulamentação da greve entre servidores. Em hipótese alguma ela deve prejudicar a população, o contribuinte que tem o direito de usufruir bens públicos, que não pertence a corporações ou  categorias X, Y ou Z. A greve atual é uma greve corporativa também. Contudo, por mais justa que seja, não diz respeito apenas às distintas categorias. Diz respeito a mim e a todos os cidadãos que têm direitos sobre o público.
Se a greve em questão também defende Raimundo, citado tantas vezes, Raimundo tem direito de se manifestar e dizer, inclusive, que é contra a greve, pois está sendo diretamente atingido por ela. Ignorância ou manipulação midiática? Talvez sim. Talvez não. Talvez Raimundo tenha sentido na pele com a precariedade de serviços públicos, carentes de investimentos e de cuidado, zelo. Cuidado e zelo que deve ser cobrado de Dilma, Cabral, Paes e... dos SERVIDORES!
Quando era estudante do CPII, fui ameaçado de expulsão por ter escrito, no boletim, que na secretaria só havia funcionário preguiçoso. Babando e com o dedo em riste, o diretor me disse que aquela acusação era gravíssima. E era mesmo: gravíssima e verdadeira. Eu permaneci na escola, assim como a preguiça dos funcionários que ali estavam. 
Na faculdade, uma funcionária da secretaria se negou a carimbar minha carteira de estudante porque estava destacando sua imensa cartela de vales-transporte. Ali, naquele momento, eu era um usuário incômodo. 
Quantos são vistos assim pelos servidores nada comprometidos com a coisa pública? Todos os funcionários são assim? Certamente não. Por isso, afirmo: façam mais, amigos servidores. Façam mais e terão mais, pois aí, sim, haverá respaldo efetivamente popular. 
Se é para fazer greve, que seja criativa e menos lesiva para quem não pode ser punido. Aulas públicas quinzenais, exibição de filmes, montagem de exposições, postagem de aulas-protesto na internet, caminhadas ecológicas e culturais, passeios ciclísticos... Na Cinelândia, vi fiscais federais de agropecuária distribuindo feijão, frutas e leite (peguei uma caixa da marca Macacu). Ótimo. Enfático e criativo. Chamaram a atenção e defenderam a causa de maneira inteligente. 
Por que a PF não prende mais para provar que é eficiente? Por que os professores não dão aulas ainda melhores para provarem que são essenciais? Por que o pessoal do Observatório Nacional não... Ih, dá pra descobrir uma nova estrela ou algo assim? Ou tudo já vem no Google Earth?
Aguardo a saraivada de críticas. 
Ótimo sábado para ustesdes. Vamos endurecer sin perder la ternura jamás!
Abrazos
Marcio Faioderma

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