Beliscões no cérebro
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Minority Report tropical: a nova velha lei
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
sábado, 22 de junho de 2013
Vaca Fria
O óbvio se coloca (pelo menos para mim, que não tenho acompanhado tão de perto as manifestações): da pluralidade das pessoas que compõem as redes sociais dificilmente poderia surgir algo uno, homogêneo. Por mais que tenhamos vontade de enxergar na força da massa o potencial para a conquista de nossas próprias bandeiras, dificilmente teremos em um movimento como este a concretização precisa de um item X ou Y de nossas próprias plataformas políticas e sociais.
A "vaca fria", na minha avaliação, seriam as conquistas para o sistema público de transporte. Mas sinceramente não lembro de ter lido nenhuma consideração mais aprofundada a respeito. Das passagens de ônibus poderíamos discutir sobre as empresas de ônibus, sobre os critérios de concessão, sobre trens, metrô, barcas, vlts etc, mas tudo acabou sendo atropelado pela ânsia de conquistarmos, de supetão, todos outros pontos precários que certamente carecem de soluções também imediatas (saúde e educação - para as quais Dilma propõe importação de mão-de-obra, habitação, reforma agrária, questão indígena etc.)
Tenho uma única consideração sobre o texto de Luiz Eduardo, que não chega a ser divergente, mas imagino complementar. Nossa polícia é, sim, violenta, truculenta. E isso não é de hoje. Até aí, necas! Todos sabemos disso. O que muitos não costumam dizer é que somos todos, na sociedade brasileira, violentos. Tudo não passa de uma questão de oportunidade.
Ontem presenciei duas menores, provavelmente moradoras de rua e talvez usuárias de crack, entrando no 665 (Saens Pena - Pavuna). Depois de entrarem sem autorização, por trás, foram obrigadas a descer. Diante da negativa de motorista e trocador, uma das meninas deu uma cusparada no segundo. Os dois desceram e ameaçaram verbalmente a menina. Certamente acostumada com relações violentas, a adolescente não se intimidou, xingou e deu outra catarrada no trocador. O motorista, que se disse morador de favela e ameaçou a menina com a entrega dela para o líder do tráfico, foi surpreendido quando, ao voltar para o ônibus, recebeu socos e chutes da moçoila. Diante deste fato, não hesitou: partiu para cima da menina com socos e chutes. Antes que que eu gritasse para que ele simplesmente a segurasse e a entregasse à PM, um policial apareceu e interrompeu a agressão.
Dentro do ônibus, pessoas comuns, homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, quiçá pobres também favelados, urravam e pediam mais pancadas na menina e criticavam a vaga noção sobre direitos humanos e direitos do menor.
Honestamente não creio que seja uma simples reprodução de ideologias forjadas por uma elite perversa. São humanos. Somos humanos. Repletos de contradições, virtudes e defeitos. Desconsiderar isto e idealizar determinados personagens por conta, única e exclusivamente, de sua condição social me parece um erro crasso.
sábado, 25 de agosto de 2012
Uma sociedade de direitos e de ... O gato comeu: uma provocação aos amigos grevistas (ou Viva Dilma - quem diria?) Uma resposta
sábado, 18 de agosto de 2012
Uma sociedade de direitos e de ... O gato comeu: uma provocação aos amigos grevistas (ou Viva Dilma - quem diria?)
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Gente e sentimentos flutuantes ou Ode a um jeito afrolusotupiniquim de ser
sábado, 23 de abril de 2011
Na dúvida a culpa é do europeu valentão e do índio bolinado
Em homenagem aos índios não-celebrados no último dia 19, eu os acuso por provocarem as badernas contemporâneas. Graças a eles uma cambada de antropólogos com dor na consciência eurocêntrica passou a defender a bolha para aqueles que consideraram vítimas.
- Vivam em paz em suas bolhas amazônicas, disseram aos índios os cristãos arrependidos do cristianismo.
Universalismo, no Brasil, é coisa de caudilho iluminista stalinizado. E continuaram os estudiosos:
- Vocês não estão nem lá nem cá. São semicidadãos, meus curumins. Mas também são inimputáveis. Percebem as vantagens?
O modelo da inimputabilidade chegou sofisticado aos dias de hoje. Continuamos semicidadãos, mas com uma gama maior de inimputáveis. Uma profusão de bolhas divididas por gênero, cor, faixa etária, classe social e opção sexual rolam infladas nos discursos fáceis dos especialistas em apartheid. Proteger é isolar, blindar contra as contradições do mundo.
Bullying é a palavra da hora. Professor não seja um bully nem boline seus alunos (até porque essa é uma prerrogativa de alguns membros da Igreja Católica). Ops, desculpem essa “bolha” fora! Não quero ser acusado por intolerância religiosa.
Não fale alto, não dite regras, não faça piada, não reprove, não compare, não emita juízo de valor, não seja humano. Triste consequencia do “é proibido proibir”. O indivíduo-modelo coevo deve ser inodoro e insípido (incolor, não, afinal a cor é critério para segregação positiva e negativa).
Viver tem sido muito chato. Essa também deve ter sido a constatação do bolinado de Realengo. Ter limites é muito chato. Essa foi a constatação do estudante que cravou uma faca no peito do professor mineiro que o reprovou. Na zona oeste carioca e em BH uma convergência: criamos gerações de açúcar, esbagaçáveis ao mais singelo contato com o ar e a água. E neste caldo melado somos todos arrastados para o ralo da idiotização.