sábado, 23 de abril de 2011

Na dúvida a culpa é do europeu valentão e do índio bolinado

Em homenagem aos índios não-celebrados no último dia 19, eu os acuso por provocarem as badernas contemporâneas. Graças a eles uma cambada de antropólogos com dor na consciência eurocêntrica passou a defender a bolha para aqueles que consideraram vítimas.


- Vivam em paz em suas bolhas amazônicas, disseram aos índios os cristãos arrependidos do cristianismo.


Universalismo, no Brasil, é coisa de caudilho iluminista stalinizado. E continuaram os estudiosos:


- Vocês não estão nem lá nem cá. São semicidadãos, meus curumins. Mas também são inimputáveis. Percebem as vantagens?


O modelo da inimputabilidade chegou sofisticado aos dias de hoje. Continuamos semicidadãos, mas com uma gama maior de inimputáveis. Uma profusão de bolhas divididas por gênero, cor, faixa etária, classe social e opção sexual rolam infladas nos discursos fáceis dos especialistas em apartheid. Proteger é isolar, blindar contra as contradições do mundo.

Bullying é a palavra da hora. Professor não seja um bully nem boline seus alunos (até porque essa é uma prerrogativa de alguns membros da Igreja Católica). Ops, desculpem essa “bolha” fora! Não quero ser acusado por intolerância religiosa.

Não fale alto, não dite regras, não faça piada, não reprove, não compare, não emita juízo de valor, não seja humano. Triste consequencia do “é proibido proibir”. O indivíduo-modelo coevo deve ser inodoro e insípido (incolor, não, afinal a cor é critério para segregação positiva e negativa).

Viver tem sido muito chato. Essa também deve ter sido a constatação do bolinado de Realengo. Ter limites é muito chato. Essa foi a constatação do estudante que cravou uma faca no peito do professor mineiro que o reprovou. Na zona oeste carioca e em BH uma convergência: criamos gerações de açúcar, esbagaçáveis ao mais singelo contato com o ar e a água. E neste caldo melado somos todos arrastados para o ralo da idiotização.

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